Paulo Celso dos Reis
Temos que contribuir para mudar o mundo
O engenheiro civil e vice-diretor da Faculdade de Tecnologia da UNB, Paulo Celso dos Reis, conhecido como PC, acredita na importância do trabalho e atuação de cada um para transformar o mundo. Com uma longa trajetória de 25 anos na UNB, PC já passou pela Secretaria de Meio Ambiente do GDF, pelo SLU e está sempre ligado nas possibilidades de transformação da realidade.
Qual é a sua trajetória profissional?
Eu me formei em Engenharia Civil na UNB em 1994, no ano seguinte fiz Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho. Depois, e, 1996, mestrado em Tecnologia Ambiental, Especialização em Gestão Ambiental em 2001 e doutorado em Desenvolvimento Sustentável de 2004 a 2008. Fui diretor do Centro de Ordenamento Territorial da UNB em 2002, diretor do Centro de Formação Continuada em 2007, também na UNB.
De 2011 a 2015 fui subsecretário de Meio Ambiente no DF e diretor do SLU de 2015 a 2019. Voltei para a UNB em 2019, onde fui vice-chefe do Departamento de Engenharia de Produção e assumi o cargo de vice-diretor da Faculdade de Tecnologia em 2022, com mandato até 2026. Virei professor em 1998, então estou completando 25 anos de universidade.
Com currículo tão extenso, o que você mais destaca dentre suas atividades profissionais?
O que teve mais impacto foi a participação na gestão do SLU, que mudou o panorama dos resíduos sólidos no DF, criando exemplos e diversas soluções que viraram exemplo para o país todo. Ainda tem muito o que fazer. Outras pessoas, com outras ideias, devem continuar o trabalho. Nossas ideias foram muito boas para aquele período, foi um salto de qualidade, com informatização das operações, controle por internet, fechamento do lixão, implantamos várias tecnologias novas que viraram referência. Agora, tem que vir gente nova, sangue novo, aproveitar os milhões de dados ainda não tão utilizados e pensar em melhorias, avanços.
E sua atuação na Universidade?
Na Faculdade de Tecnologia estamos modernizando os cursos de Engenharia para poder acompanhar as inovações, a indústria 4.0, automação, robótica, inteligência artificial. A Engenharia está mudando bastante e estamos modernizando os currículos de todos os cursos, estamos tentando jogar âncoras na realidade, fazer a faculdade atuar mais próxima da população do DF.
Se você falar aqui sobre o problema de Zurique, Tóquio, Canadá, Londres, a gente sabe resolver, mas se for do Varjão, Luziânia, São Sebastião, Unaí, não vai ser fácil encontrar quem tenha uma resposta. Queremos estar ligados aos problemas mais próximos da população.
A UNB forma muita gente, esses alunos vão trabalhar na solução desses problemas, mas a ideia é colocar a extensão da Universidade durante a formação, se fazer presente na vida da região. Temos em torno 4.500 alunos de graduação, 1.500 de pós-graduação, 300 professores com doutorado, mais de 10 cursos de graduação e de pós. É quase como uma cidade, queremos colocar esse povo para trabalhar.
Como as pessoas podem ajudar a melhorar o mundo?
Eu milito na ABES, trabalho na universidade pública, acredito que dá para mudar o mundo e onde eu consigo eu tento fazer um pouquinho para tentar mudar, nem que seja para criar o ambiente, seja em casa, na Universidade, no SLU. Temos que contribuir para mudar o mundo porque tem muita coisa errada.
Fale um pouco sobre seu lado pessoal. Você é de Brasília?
Sim, sou nascido em Brasília, no Plano Piloto. Tenho 4 filhos, o quinto está a caminho. Quando não estou trabalhando gosto muito de cinema, teatro, música, especialmente MPB e rock, cultura em geral. Estou sempre de olho na programação cultural pública, mas gosto especialmente do Clube do Choro e Sala da Funarte.
Como você avalia o papel da ABES?
A ABES é uma instância muito proativa e atuante que a sociedade civil tem. Ela pode contribuir em vários aspectos, porque a ABES atua principalmente onde o poder público não alcança e onde o poder privado não tem interesse de estar. É aí que a gente se encaixa.
A contribuição da ABES também se dá na formação, capacitação, aprimoramento profissional e na atuação nos conselhos da sociedade, com contribuições efetivas nos conselhos de Saneamento, de Recursos Hídricos, onde exerce o papel de vigilância e fiscalização para a sociedade.
Há quanto tempo você participa da ABES?
Tenho mais de 10 anos na ABES, quando fiz parte da diretoria. Gosto dos webinars, das rodas de conversa, mesas redondas, discussões técnicas, é o que mais consumo. E gosto muito desse trabalho de continuidade que a ABES vem apresentando há tanto tempo, não é um voo de galinha ou espasmos.
O que fazer para tornar a ABES mais relevante entre os profissionais do setor?
Temos de encontrar formas de engajar os mais jovens, a palavra é engajamento. Quando eu era aluno, tinha quatro cursos de Engenharia, hoje tem 15. Quase quadruplicou de tamanho, dobrou o número de alunos, mais da metade dos cursos tem relação com saneamento: Biologia, Ecologia, Engenharia Ambiental, Geografia. Precisamos ficar próximos desse público para que queiram ir para a ABES depois de deixarem a graduação.
Mas temos muita dificuldade para engajar os alunos nas coisas da faculdade. Se já é difícil fazer com que eles frequentem todas as aulas, fora da aula, esquece. É um desafio de todos descobrir como fazer essa nova geração se engajar. Acho que por causa da internet e das redes sociais, eles sempre têm mais o que fazer, acham que o tempo é tomado, às vezes parece que o aluno tem agenda mais cheia que a minha. Creio que eles se acham polivalentes demais, pensam que podem fazer tudo ao mesmo tempo e não conseguem fazer tudo, falta um pouco de foco.