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Mauro Roberto Felizatto

A ABES é meu espaço de diálogo profissional


O Conselheiro Fiscal da ABES/DF, Mauro Roberto Felizatto, é Engenheiro Químico e Engenheiro de Segurança do Trabalho, Mestre e Doutor em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos. Recentemente aposentado da Caesb, Felizatto atua como pesquisador colaborador no mestrado de Gestão e Regulamentação de Recursos Hídricos, ProfÁgua, na UnB, sem remuneração, "uma forma de retribuir tudo que recebi estudando no ensino público", explica. Ele já apresentou mais de 50 trabalhos técnicos nos vários congressos da ABES de que participou.


  • Onde você estudou e se especializou?


Sou paulista, caipira do interior do estado, da terceira geração de pais descendentes de italianos dos dois lados. Eles vieram na virada do século, analfabetos e pobres para trabalhar na lavoura; fui o primeiro dessa geração a se graduar, me formei em Engenharia Química, na Universidade Federal de Uberlândia.


Meu pai era “barrageiro”, trabalhava em construção de barragens hidrelétricas, aprendeu na prática. Vida do barrageiro antigamente era viver seis anos em cada lugar. Me considero “trecheiro” também, como meu pai, andando de lá para cá. Ele trabalhou nas duas grandes barragens no Rio Grande, Jaguara e Volta Grande, depois veio para São Simão no rio Paranaíba.


Aos 17 anos, me formei em técnico em Química Industrial, em Uberaba. Comecei Engenharia Elétrica, fui até o sétimo período, mas mudei e terminei na Engenharia Química.


Meu primeiro emprego de carteira assinada foi como professor, no Colégio Eletrotécnico em Ituiutaba, lecionando química e matemática; foi assim que me mantive como estudante.


Naquela época, anos 80, a grande sacada para engenheiro químico era o Proálcool, fiz estágio em usinas de álcool, e em uma fábrica de cimento. Eu me formei em julho de 1985, em outubro eu estava empregado na Cimento Tocantins, aqui no Distrito Federal, como engenheiro “trainee”. Andei por várias fábricas do grupo em vários estados, como treinando, foi um bom treinamento.


Nessa história, estava em São Paulo, na Cimento Santa Rita, já incorporado à Indústrias Votorantim, mas gostei de Brasília e queria voltar. Um amigo me avisou de uma oportunidade, fiz o primeiro concurso público, pós Constituinte, da Caesb, em 1991. Passei em terceiro lugar, fui chamado em 1992. Fui trabalhar no tratamento de esgoto, que era minha vontade. Durante 25 anos e três meses trabalhei como engenheiro de processo em tratamento de esgoto em oito das 16 estações de tratamento que a Caesb tem.


Nesses 25 anos fiz mestrado na UnB em Reuso de Água em Piscicultura. Terminei o mestrado em 2000 e trabalhei doze anos como prestador de serviços, na unidade do Sarah Kubitschek Lago Norte, onde fui responsável técnico no pioneiro projeto de tratamento e reuso de água em irrigação paisagística e em vasos sanitários.


Em 2012 fiz doutorado, também na UnB e no mesmo programa de pós-graduação. Terminei essa fase de engenheiro de tratamento de esgoto e fui convidado, ainda na Caesb, para partir a planta de produção de biodiesel a partir de óleo residual usado, o Projeto Biguá. Na Coordenadoria de Recursos Hídricos e Segurança de Barragem, trabalhei em Plano de Segurança de Barragem e nos Planos de Ação Emergencial de Segurança de Barragens da Caesb. Por incrível que pareça, voltei para o início da minha vida quando acompanhava minha família. Eu me aposentei depois de 30 anos e três meses na Caesb e fui convidado para ser pesquisador colaborador do mestrado ProfÁgua, na UnB. Não ganho nada, sou convidado, tenho contrato sem vínculo empregatício, com esse trabalho estou retribuindo o que tive a vida toda de graça, que é o conhecimento, porque me formei, graduei, pós graduei em escola pública.


  • Fale um pouco sobre sua rotina fora da atividade profissional


Como bom italiano, adoro comer, fazer comida, gosto de futebol, sou santista, não sei viver sem escutar música, gosto de tocar instrumentos de percussão, acabei de comprar uma Washboard, um instrumento usado pelos afrodescendentes americanos que Sempre acompanha o jazz tradicional de raiz e o blues. Gosto muito de música, escuto tudo, desde Tião Carreiro e Pardinho até o jazz de Billie Holiday e John Coltrane. O app Spotify me considerou na avaliação do ano de 2022 um especialista em música porque escuto uma variedade muito grande. Eu trabalho, estudo escutando música.


Tenho quatro filhas, nenhuma delas na área de exatas, são duas artistas e uma psicóloga, a quarta está prestes a entrar na UnB.


  • O que você acha da ação da ABES?


Desde que me filiei, acho que em 1996, sempre mantive meu contato na ABES. Devo ter inscrito mais de 50 trabalhos técnicos nos vários congressos da ABES e correlatos, como o SIBESA e o SILUBESA. Sou membro do Comitê Cientifico do próximo congresso, em BH, e tenho três trabalhos orais inscritos, dois da Caesb e um da minha orientanda. A ABES é meu ambiente profissional para discussão do meu trabalho, é meu diálogo com outros profissionais, professores e colegas de outras companhias de saneamento. Minha participação é técnica, já fui várias vezes conselheiro no Conselho de Recursos Hídricos do DF representando a ABES. Atualmente, sou o representante da ABES, com voz e voto, no CBH Paranaíba DF. Também fizemos em 2000, aqui em Brasília, o Primeiro Simpósio de Recursos Hídricos do Centro Oeste, e foi graças a ele que a gente comprou a nossa sede da ABES.


  • O que você espera do congresso de Brasília, em 2025?


Estou muito feliz e tenho muita expectativa. Estou que nem criança quando vai viajar, com aquele friozinho na barriga. Espero que seja um bom congresso e que a gente possa mostrar o que fazemos em saneamento no nosso quadradinho. Esse é o maior orgulho que eu tenho, a Caesb foi uma das primeiras companhias do Brasil a fazer tratamento de esgoto em escala real, na ETE Sul, em 1961, e na ETE Norte, em 1964, com projetos e equipamento ingleses, já que o processo de Lodos Ativados foi inventado em 1914 em Manchester, Inglaterra. Sempre falo que tenho o maior orgulho de pertencer a essa empresa que começou antes de todos os Brasileiros a tratar esgotos em escala real, incluindo os paulistas – e olha que eu sou paulista, já que a primeira estação de tratamento de SP foi operada nos anos 80, com o mesmo processo de Lodos Ativados.

Mauro Roberto Felizatto
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