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Marta Litwinczik

Promover discussões mais diversificadas



Historiadora, com mestrado em Planejamento Urbano, Marta Litwinczik trabalha atualmente no SISAGUA, o Sistema de Informações de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano, da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde.

Marta atua na área de saneamento desde 2009, quando entrou no Ministério das Cidades, para trabalhar na Secretaria Nacional de Saneamento, onde participou da elaboração do PLANSAB e da implantação do módulo de Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas, do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Foi lá que ela conheceu o Ernani e o Sérgio, que a convidaram para integrar a ABES. “Fiz várias tentativas de me associar, mas só entrei na ABES em meados do ano passado”, diz.


  • Qual a importância da ABES para você?


Acho que é um espaço de diálogo interdisciplinar, me interesso pela questão do direito ao saneamento básico. No Ministério das Cidades, que hoje é Desenvolvimento Regional, me lotaram na área de saneamento e lá percebi a questão do acesso a estes direitos, uma área que me despertou muito interesse, apesar de ser uma área muito dura, os direitos do cidadão são colocados de lado, a sociedade não discute isso. A ABES é um espaço que agrega profissionais com olhares interdisciplinares para promover o diálogo sobre esse direito estrutural.

Hoje a gente faz milhões de coisas, cada um muito ocupado com suas pautas, não dá muito tempo para dialogar, mas a ABES fomenta um espaço de estímulo às discussões e se empenha para tornar esse espaço mais participativo.


  • O que a ABES pode fazer para atrair novos associados?


É preciso atrair os futuros profissionais que estão se formando, que estão ainda na universidade, mas também os jovens de forma geral. Mas é difícil mobilizar e dizer que existe problema de saneamento básico em Brasília, porque praticamente 100% da população têm água e esgoto. O que te mobiliza é a pedra no sapato, então é difícil sensibilizar para o que você já tem. Por isso temos que pensar qual é a outra dimensão que engaja e acho que é a geração do resíduo, um problema mais visível do que água e esgoto. A gente deveria puxar a pessoa pela perna sobre nossa responsabilidade na geração de resíduos e na necessidade de mudar a cultura de produzir lixo.

Também precisamos ampliar o diálogo, discutir com outras organizações da sociedade civil, grupos de mulheres, de jovens, debater as condições de vida na periferia, falar com o pessoal da CUFA, por exemplo, de associações de moradores, prefeitos de quadras, promover uma discussão mais diversificada para não ficarmos sempre falando com os mesmos atores.


  • O que você gosta de fazer fora do trabalho?


Gosto muito de ler e quero retomar minha rotina de leitura, principalmente em papel porque ando muito cansada da leitura no computador, que limita nossas opções, temos uma cultura cada vez mais restrita.

Estou lendo Grande Sertão Veredas, do Guimarães Rosa, que havia parado no início da pandemia. Depois das primeiras páginas, para entender o jeito do autor, estou consumindo a obra. Eu tinha planejado ler uma obra de cada ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, mas vi que não ia conseguir, então decidi ler o que achar interessante. Quero ler Vozes de Tchernóbil, da escritora russa Svetlana Aleksiévitch que ganhou o Nobel em 2015, sobre o desastre de Tchernóbil. Acho que o tema tem muito a ver com as questões de hoje.

Gosto muito de ações de engajamento comunitário, já fui síndica, prefeita da quadra, chefe de turma, já participei de muitas ações de mobilização.

Também já toquei tamborim na bateria do ARUC. Foi uma experiência muito bacana porque eu não tenho muita facilidade musical, mas fui a um ensaio da ARUC, em um carnaval e tive a oportunidade de participar. Enganava no tamborim, desfilei, ganhei, a programação do carnaval começava no início de janeiro. Também frequentava a Acadêmicos da Asa Norte, onde moro.

Só paramos porque as escolas de samba perderam o apoio financeiro no governo do Rollemberg, que optou por apoiar só os blocos de carnaval. Foi uma experiência muito interessante, pois são pessoas muito amáveis e muito legais, que estão na resistência para manter uma tradição cultural. A ARUC é patrimônio cultural do DF.

Marta Litwinczik
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