Liane de Moura Fernandes Costa
"Volto renovada dos congressos da ABES"
A engenharia Ambiental e Civil, Liane de Moura Fernandes Costa, é Analista de Sistemas de Saneamento, na área de Licenciamento Ambiental na Caesb e está fazendo o mestrado em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos na Universidade de Brasília. Liane é conselheira Consultiva da ABES/DF e tem experiências inusitadas em sua carreira, como ter participado das missões de paz do Exército brasileiro no Haiti e ser produtora informal de mudas de árvores típicas do cerrado, que são doadas para interessados ou plantadas em mutirões dos quais participa, organizados por diversos movimentos.
Fale de sua trajetória acadêmica
Sou formada em Engenharia ambiental pela Universidade Federal de Tocantins, em Palmas. Depois de formada, voltei para Brasília em 2008 para fazer mestrado na UNB, que não concluí na época, por diversos problemas. Mas estou tentando finalizar agora. Também me formei em Engenharia Civil em 2020, pela UNIP, em Brasília.
E sua experiência profissional?
Trabalhei oito anos no Exército, na Diretoria de Patrimônio Imobiliário e Meio Ambiente, no Departamento de Engenharia e Construção. Era oficial técnico temporário. Atuamos em instruções normativas e reguladoras da área ambiental e em organismos internacionais em missões de paz. Estive no Haiti em 2010, 2011 e 2017, lá fizemos cartilhas sobre meio ambiente, seguindo o que a ONU prescreve para a área ambiental. Também participei do Pelotão Especial de Fronteira, em áreas isoladas, na Amazônia, Peru, Colômbia, onde atuei no Programa de Melhorias de infraestrutura de saneamento. Saí do exército como Primeiro tenente. De lá fui trabalhar no IFB, como professora substituta na área saneamento. Depois, fiz estágio de engenharia civil no Ibama. No final de 2018, participei do Governo de transição e em fevereiro de 2019 fui trabalhar no Ministério de Infraestrutura, como coordenadora de gestão ambiental na Secretaria Nacional de Transportes Terrestres.
Posteriormente fui trabalhar com gerenciamento de obras rodoviárias na Concremat Engenharia e Tecnologia, fazendo o gerenciamento da parte ambiental e desapropriações. No ano passado, me convocaram na Caesb, onde tinha passado no concurso de 2012. Lá, trabalho como Analista de sistemas Ambientais, na área de Licenciamento Ambiental, na Superintendência de Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Agora estou onde quero, mas a trajetória me fortaleceu bastante.
E sua vida pessoal?
Sou de Posse, no Nordeste de Goiás. Vim para Brasília em 1997, fiz ensino médio aqui e fui para Palmas fazer o curso na UFT. Sou casada, tenho um filho de 7 anos e, como todo goiano, gosto muito de música sertaneja, minha raiz é essa, vim do interiorzão de Goiás, gosto de fazenda, de natureza.
Frequento muito a horta comunitária do Guará, gosto de trabalhar nos plantios de mudas no Guará e em outros lugares, tenho um viveiro em casa e faço doações de mudas de plantas do cerrado. Quando tem muitas, eu saio doando. Alguns dias atrás, o viveiro de Águas Claras pegou uma caixa cheia de mudas de cagaita. Atuo no trabalho de viveiros comunitários no Lago Norte e Águas Claras. Consegui integrar os escoteiros na horta do Guará e nas atividades do Dia Mundial e Limpeza e nos plantios. Eles estão sempre com a gente. Meu filho entrou agora para os Escoteiros e já vai ganhar uma insígnia porque fizemos campanhas de coleta de tampinhas.
Como é sua atuação na ABES?
Sou associada da ABES desde quando era estudante. Participo sempre das atividades, vou em todos os congressos, assino as revistas. Considero a ABES muito importante para manter o equilíbrio, atuando tanto na normatização como na verificação se as instituições e os conselhos estão funcionando, se as demandas estão sendo cumpridas.
Participei de câmaras temáticas, atuei no saneamento rural, acho que temos condição de contribuir compondo essas câmaras temáticas, atuando nos comitês de bacias e conselhos. A ABES, como representação da sociedade, contribui para equilibrar, porque ela detém a informação, tem pessoas com conhecimento que podem cobrar que as instituições façam sua parte, que a reguladora regule, que a de tratamento de água e saneamento ambiental faça a entrega de água e tratamento esgoto com qualidade. Temos como apertar quem precisar ser apertado.
Além disso, a ABES atua nos planos de saneamento, sempre dando pitacos nas legislações, no Novo Marco do Saneamento, é uma instituição que demonstra preocupação em relação aos serviços de saneamento.
Tem também o networking. Em todo congresso que participo ganho muita bagagem, conheço muita gente, volto renovada, com muita informação interessante para me manter atualizada. A ABES também tem essa função.
Você vai no Congresso da ABES em Belo Horizonte?
Sim. Estou esperando sair o resultado do artigo que inscrevi, sobre a norma para aproveitamento de água de chuva, da ADASA . Analisei as consequências dessa norma para a Caesb.
Como você vê o desafio da universalização do saneamento básico?
É uma luta necessária que tem que ser bem trabalhada na população. Tem gente que não dá importância, que prefere ter o asfalto e não cobra quando deveria, não sabe que a falta do saneamento afeta a saúde. Em vários locais por onde andei, como Imperatriz, no Maranhão, ou Paraopeba no Pará, ainda corre esgoto na sarjeta da avenida principal. Nem sempre a população sabe de seu direito e briga por outras questões. Muitas vezes a superlotação no hospital é causa da falta de saneamento, mas a população briga só pelo hospital.