Carlo Renan Cáceres de Brites
Brasília precisa expandir a prática de reúso de água
O diretor da ABES/DF e engenheiro ambiental Carlo Renan Cáceres de Brites é fã de artes marciais e de atividades ao ar livre com a família. Mas na Caesb, onde é gerente de gestão ambiental corporativa, sua preocupação é a limitação hídrica do Distrito Federal.
Fale um pouco sobre sua formação e experiência profissional
Sou engenheiro ambiental, me formei em Campo Grande pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Assim que concluí o curso vim para Brasília para fazer mestrado em tecnologia ambiental e recursos hídricos na UNB, em 2005. Aliás, lá conheci vários colegas que hoje também estão na ABES. Um pouco antes de terminar o mestrado, eu passei no concurso da Caesb, onde comecei trabalhar em 2007 e estou lá até hoje, atualmente como gerente de gestão ambiental corporativa.
Na Caesb sempre trabalhei na área de meio ambiente e recursos hídricos, não diretamente com o saneamento, mas no setor de licenciamento ambiental, outorgas de recursos hídricos, que é uma interface do saneamento com recursos hídricos. Já são 15 anos.
O que aconteceu com os recursos hídricos no DF neste período?
Pela característica de estar em local de nascentes, o DF tem pouca água e, por outro lado, tem um alto crescimento populacional. Nesse quadro, a gente já sabia que em algum momento a capacidade de produção de água não seria suficiente. É um desafio muito grande e a Caesb opera um sistema cada vez mais exigente. A crise hídrica de 2017 levou à construção de novos sistemas, como a ETA Lago Norte, as captações do Gama foram revitalizadas e os sistemas foram integrados, o que mostrou o amadurecimento das instituições envolvidas na gestão dos recursos hídricos do DF.
Se temos uma das menores disponibilidades hídricas entre as unidades da federação, temos, em contrapartida um dos mais altos índices de atendimento das legislações ambientais. Precisamos ter mais eficiência para fazer o melhor uso dos recursos hídricos de que dispomos.
Uma questão bastante importante é o controle da poluição da água. Como nossos rios são de baixa vazão, temos dificuldade para diluir os esgotos tratados. Mesmo tendo estações de tratamento de níveis muito bons, eventualmente temos problemas de poluição porque os cursos de água são pequenos. Ou seja, o desafio vai ficando cada vez maior, o que nos obriga a melhorar sempre as práticas operacionais, a avançar na integração dos sistemas e a diminuir índice de perdas no sistema de abastecimento. E precisamos também acentuar a prática de reúso de água, que ainda é incipiente. Já que um dos grandes conflitos acontece entre o abastecimento humano e os usos agrícolas da água, o esgoto, que tratamos tão bem, deve servir para fazer reúso em irrigação, por exemplo. Mas não há regulamentação para isso ainda. Estamos trabalhando em uma Câmara Técnica na Secretaria do Meio Ambiente, na qual a ABES tem assento, para regulamentar a prática.
Qual sua expectativa em relação à atuação da ABES?
A participação da ABES nos colegiados do sistema de recursos hídricos é fundamental porque ela acaba sendo a instituição que faz a mediação de conflitos, como representante técnica da sociedade civil. Não é à toa que a ABES está no Conselho de Recursos Hídricos, no Comitê de Bacias, no Conselho de Meio Ambiente (Conam).
Como a ABES pode se tornar mais relevante para os empregados da Caesb?
A ABES tem que continuar sendo instituição de referência técnica e, como tal, é fundamental a promoção de treinamentos, realização de eventos, congressos. Esses são os grandes atrativos que ela pode oferecer para interessar os empregados da Caesb. Mas já temos uma parcela razoável deles associada.
O que você gosta de fazer fora do trabalho?
Eu e minha esposa temos um casal de filhos, de 8 e 10 anos e gostamos muito de fazer atividades ao ar livre, como acampamentos, cachoeiras, passeios no Jardim Botânico, no Parque da Cidade. Também gosto de artes marciais, pratico Jiu Jitsu e Muay Thai. E tem ainda a guitarra, que me acompanha há muitos anos nos momentos de lazer.