Por Diário do Nordeste |26 de novembro de 2024
Ágata, de um ano e meio, dá os primeiros passos com os pés expostos ao esgoto a céu aberto que divide uma rua de terra batida na Comunidade da Paz, no Bom Jardim, em Fortaleza. Ao lado dos irmãos Ester, 6, e Elias, 11, são frequentes as vezes que precisa ficar em casa por até uma semana devido a doenças ligadas à falta de esgotamento sanitário.
"Isso atrasa os estudos e eles podem até repetir de ano. Eu quero que eles progridam, mas se adoecer têm que ficar em casa", compartilha Andreza Costa, 30, sobre a preocupação com o futuro dos filhos.
Enquanto deveriam arrumar a mochila rumo à escola, 19.886 crianças de até seis anos precisaram, em vez disso, ir ao hospital por causa de doenças de veiculação hídrica ou respiratórias associadas à falta de saneamento básico, no Ceará, em 2022.
Além disso, a ausência da estrutura elementar causa um atraso escolar de quase dois anos e, lá na frente, reduz o desempenho em vestibulares. Esse retrato foi publicado no estudo "Futuro em risco: efeitos da falta de saneamento na vida de grávidas, crianças e adolescentes", lançado pelo Instituto Trata Brasil em outubro de 2024.
Esta é a primeira reportagem da série Rede Vital, na qual o Diário do Nordeste aborda os atrasos e prejuízos cotidianos que a falta de esgotamento sanitário – uma amostra ainda real da desigualdade – causa para a Educação, Saúde e Meio Ambiente.
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